Comício em Lisboa assinala os 88 anos do PCP

<font color=0094E0>Confiança no Partido</font>

Foi com um grande comício realizado na histórica colectividade A Voz do Ope­rário, em Lisboa, que o PCP iniciou as comemorações do seu 88.º aniversário, num ano marcado por uma intensa luta de massas, por três actos eleitorais e pela tarefa quotidiana de reforçar a organização e intervenção do Partido.

O Par­tido está mo­bi­li­zado para os de­sa­fios que tem pela frente

É sempre especial, para qualquer militante comunista, o comício anual de comemoração do aniversário do Partido – ali exalta-se a história heróica de gerações e gerações de comunistas portugueses; valoriza-se a sua luta presente, em defesa dos direitos dos trabalhadores e pela ruptura com a política de direita; reafirma-se o objectivo supremo da superação revolucionária do capitalismo e construção do socialismo e do comunismo.
No comício da Voz do Ope­rário do passado dia 6, centenas de pessoas juntaram-se para fazer tudo isto, na comemoração do 88.º aniversário do PCP. Sendo verdade que não há, para os comunistas, anos calmos e sossegados – até porque a luta se trava todos os dias –, não é menos certo que 2009 será particularmente exigente: não só devido aos três actos eleitorais que terão lugar, mas também pela luta de massas que urge prosseguir e intensificar e pela organização, intervenção e ligação do Partido às massas, que importa reforçar.
Se este comício revelou alguma coisa foi, precisamente, que o Partido está mobilizado para enfrentar todos estes desafios.

Nem can­sados nem de­si­lu­didos...

No palco, num grande pano, lia-se «Sim, é possível uma vida melhor!». Lema da campanha nacional do Partido, adoptado para este aniversário. Nos lados, ao longo do exterior das galerias, também elas cheias de militantes e de militância, duas faixas revelavam outras tantas causas dos comunistas portugueses: «Mais força ao PCP! Emprego com direitos» e «Contra a exploração capitalista, pelo socialismo». Por cima da porta de entrada, gravada na parede, a seguinte inscrição: «Trabalhadores, uni-vos!»
Depois da poesia, trazida por Carmen Santos, e da música de Manuel Pires da Rocha e João Queiroz, que interpretaram magistralmente canções de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, entre outras, a «arte» foi outra.
Falando em nome das direcções das organizações regionais de Setúbal e Lisboa, Manuel Gouveia, do Comité Central e membro desta última, valorizou os 513 novos militantes que se juntaram ao Partido no último ano nas duas regiões. E salientou também as novas células criadas, os novos quadros responsabilizados, o aumento dos militantes a pagar a sua quota, os mais de cem boletins de células de empresa e sectores profissionais editados...
Este ano, confia aquele dirigente, «vamos recrutar ainda mais, organizar ainda mais, responsabilizar ainda mais». Uma confiança que não é cega, antes se baseia no profundo contacto com a realidade: «só nos primeiros dois meses de 2009 já recrutámos 131 militantes.»
Sobre o aniversariante, Manuel Gouveia lembrou os «88 anos de acção organizada, de gerações e gerações de comunistas, de uma acção firme, corajosa, determinada e, por vezes, mesmo heróica». Olhando o passado e o presente, afirmou, convicto: «As mais belas vitórias não nos acomodaram; as mais amargas derrotas não nos quebraram; as mais duras provações não nos atemorizaram. E, ao fim de 88 anos, não estamos nem cansados nem desiludidos – estamos cheios de orgulho de tudo o que fomos e com ainda maior confiança no que somos capazes de fazer.»

Ga­rantia de fu­turo

Antes, Eurico Romeiro, da Comissão Regional de Setúbal da JCP, tinha já afirmado que tamanha presença de jovens no comício era, em si mesmo, garantia de presente e futuro do Partido. A JCP, assegurou, «esclarece todos os dias milhares de jovens para a luta em defesa dos seus direitos, reforça a sua consciência social e alerta-os das consequências das políticas de direita, mobilizando-os para a indispensável luta por um futuro e um presente de direitos e realização pessoal e colectiva».
O jovem comunista não esqueceu de referir algumas das mais importantes acções de luta agendadas para breve – o 24 de Março, para os estudantes dos ensinos secundário e superior, em todo o País; e a manifestação de 28 de Março, em Lisboa, para os jovens trabalhadores.
Após as intervenções de Ilda Figueiredo e Jerónimo de Sousa, seguiu-se o belo ritual dos hinos, A In­ter­na­ci­onal, o Avante, Ca­ma­rada e A Por­tu­guesa, cantados a uma só voz e a um só corpo por todos os presentes, de punho bem erguido...

Ilda Fi­guei­redo
«Pre­ci­samos de mais votos e mais de­pu­tados»

O comício da Voz do Ope­rário realizou-se a três meses exactos da data da primeira das três eleições do ano, as eleições Europeias, a 7 de Junho. Ilda Figueiredo, primeira candidata da CDU a estas eleições, fez uma intervenção para realçar que a luta do Partido contra o fascismo, pela liberdade e pelo socialismo é a mesma «que se trava todos os dias», «aqui e no Parlamento Europeu».
Esta luta heróica, prosseguiu, é a mesma luta «contra a “flexigurança” e a desregulamentação laboral, contra o ataque a conquistas históricas dos trabalhadores, como o direito à greve e à contratação colectiva, que permanecem ameaçadas nas decisões do Tribunal de Justiça Europeu e no projecto de Tratado de Lisboa, que querem impor a toda a força». Está já anunciado um novo referendo na Irlanda, para o Outono, após as eleições para o Parlamento Europeu.
Segundo Ilda Figueiredo, «é para continuar esta luta que precisamos de mais força, de mais votos, de mais deputados, do vosso empenhamento e da vossa coragem nos três meses que faltam». É necessário, acrescentou a candidata, esclarecer, por exemplo, que os deputados comunistas «votaram contra o novo estatuto salarial dos deputados europeus», pois defendem a aplicação do mesmo estatuto dos deputados da Assembleia da República. Da parte dos parlamentares comunistas, o compromisso será o de sempre: «não sermos beneficiados nem prejudicados com o exercício de cargos públicos.»
Em sua opinião, isto demonstra «que é fundamental dar mais força à CDU; que é necessário mobilizar toda a gente descontente, toda a gente que se sente enganada e vítima destas políticas, para o voto na ruptura».
«Precisamos de mais força do PCP, de mais votos na CDU, para a continuar a luta até às eleições e depois delas, contra o projecto de Tratado de Lisboa, contra as propostas de directivas sobre o tempo de trabalho e os ataques aos sindicatos e à contratação colectiva.»


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Na rua pela escola pública

Vindos de cerca de 70 escolas de todo o País, mais de 150 jovens comunistas participaram, sábado, em Almada, no XI Encontro Nacional do Ensino Secundário e Básico (ENES). Com o lema «Avante com a luta! Na rua pela escola pública, democrática, de Abril!», esta iniciativa visou denunciar a, cada vez maior, falta de democracia nas escolas, onde o conhecimento é reservado a uma minoria e a formação integral do indivíduo é deixada de lado. Opondo-se às medidas tomadas ao longo dos anos pelos sucessivos governos de direita, a JCP prometeu continuar a lutar pela «escola de Abril», onde todos os alunos tenham as mesmas condições e oportunidades para prosseguir os estudos, onde ninguém deixe de estudar por não ter dinheiro para os livros ou para comer.

<font color=0094E0>Milhares nas comemorações</font>

O grande comício de Lisboa esteve longe de ser a única iniciativa comemorativa do 88.º aniversário do PCP. Por todo o País, em centenas de acções, milhares de comunistas e amigos celebraram a data. Ao Avante!, chegou a informação de algumas delas.